maldito alcohol.

maldita mania de bondade.

ouço repetidamente a mesma música tentando não achar coincidências.
'i'll be a bag of bones driving down the road alone. i feel as empty as a drum.'

manter o controle da existência requer que contemos mentirinhas pra nossa consciência. é no outro que a gente enxerga a lucidez. e a traição é um assalto: te levam a confiança, a estima, a crença e a admiração. o egoísmo que afunde no itapocu. não vai me levar com ele.

falar demais expõe nosso moral aos leões. maldita boa vontade. maldita inocência.

o sertão é sem lugar.

"E o que era que eu queria? Ah, acho que não queria mesmo nada, de tanto que eu queria era – ficar sendo!"

[grande sertão: veredas. pág. 318]

hoje

hoje

se eu fosse uma cor, seria 19-4007 tpx. anthracite.

se fosse uma pedra, turquesa. um momento, fila 17 do teatro unicenp assistindo norah jones.

se fosse um calçado, sapatilha. se fosse uma caneta, ponta fina.

se talvez eu fosse um piso, granito. se talvez uma bugiganga, uma lata.

se fosse algo simples essencial, uma tarracha de brinco. um supérfluo, caixa de lápis de cor. 48 cores.

caso eu fosse uma extravagância, esmalte Chanel 505. particuliere.

se eu fosse literatura, seria Poética, do meu preferido. manuel bandeira.

se eu fosse um papel, de carta.

fosse um veneno, cianureto. e se nesse caso, fosse um sentimento, seria prazer. de percorrer o corpo de um ariano desprezível.

se pudesse ser uma virtude, seria a tolerância. se fosse textura, seria veludo.

se pudesse escolher, as quatro pessoas mais importantes do universo.

se pudesse voltar, pra casa.

se quisesse mudar, lente de contato.

se tiver que fazer, recomeçar.

se for acabar, que seja dormindo.

menos é mais

gosto de acordar precisando vencer o dia.
gosto de batalhar desejando recompensa interior.
gosto de achar que não vou conseguir. gosto de não conseguir de vez em quando pra poder planejar de novo.
gosto de não ter o luxo de desisitir. gosto de chegar em casa e sentir uma profunda sensação de felicidade. gosto de ser dona de mim. gosto de precisar de mamãe de vez em sempre. gosto de tê-la inteira pra mim mesmo há quilômetros de distância. gosto de estar em casa.
gosto de perder o sono imaginando. gosto de perder o sono tentando achar uma solução. uma nova ideia, uma salvação. gosto de contar os centavos no fim do mês. gosto de conquistar amigos. gosto de receber flores no aniversário. gosto da mesa cheia cantando parabéns.
gosto das melhores pessoas do mundo. gosto do aprendizado com os erros. gosto de esquecer uma decepção. gosto de sentir tudo isso e me sentir completa.

..

na terra do nunca os erros alheios são divertidos.
na terra do sempre as pessoas são previsíveis.
e o consolo não vem. vem pra quem tá de carona. e isso é muito bom.

cheers everyone.

fumaçando na minha cabeça

qual é a sensação de comprar uma bolsa de grife, só que falsificada?

de prazer em ostentar.
desfilar uma coisa que não é genuína. que não tem personalidade, que não tem nos detalhes o cuidado do acabamento perfeito, a melhor matéria-prima e o peso da identidade que carrega sob as alças.

aquela paixão proibida, recolhida e adormecida desperta essa semana. de manhã, com cara de quem acabou de acordar, sai de casa sem precisar arrumar-se pra ninguém, e vem na minha direção, por coincidência. desejo sabor de cigarro, que é bom mas faz mal, é socialmente reprovado, não serve pra mim. essa paixão é mistura de admiração, medo de ser idiota e um desejo absurdo da pessoa. de tudo que ela oferece: palavras densas, às vezes ríspidas, mas sempre delirantes e atraentes. se um dia eu pudesse atacar...

o que me resta são os 3 cigarros do maço. e uma noite de sono que começa no meio da madrugada, quando não houver mais nada na tv. feliz 2011! mais atitude pra todo mundo.